Todos os seres humanos nasceram numa família e, muito provavelmente, irão morrer dentro de uma família. Quando viemos a este mundo nos inserimos dentro de um sistema familiar que já nos antecedia e, com o tempo, iremos ter parte na manutenção de um sistema que antecederá a próxima geração. No desenrolar do sistema familiar, com suas relações e processos intersubjetivos entre seus membros, nós iremos nos constituir naquilo que somos.
Nesse processo complexo de interações iremos formar um olhar sobre nós mesmos, sobre os outros e sobre o mundo. Iremos desenvolver nossos sentimentos, pensamentos, comportamentos, gestos, valores e atitudes em nossa família. Compartilharemos uma história e um destino comum com suas forças e fraquezas.

Cada um de nós carrega em si a capacidade de imaginar, sentir, pensar e agir. Cada uma dessas faculdades se entrelaçam e formam um todo complexo no mundo interior, no nosso ser. Nosso corpo também não está fora dessa trama, não apenas carrega a carga biológica de nossos antepassados, mas também está impregnado de significados. Nosso corpo é um mensageiro de nosso ser.
Quando trabalhamos com constelações familiares não são apenas os nossos familiares que entrarão em cena como representantes, mas todo o nosso mundo interior se fará presente.
É preciso compreender que nosso mundo interior está intrinsecamente correlacionado com os entes que configuram nosso sistema familiar. Há uma correspondência entre nosso mundo interior e o mundo exterior na figura de nossos diferentes familiares. Cada um deles presentifica um aspecto interno que existe em mim. Voltar meu olhar para o sistema familiar é lançar um olhar sobre mim. Significa dizer que esse sistema não vive apenas fora, mas está vivo dentro de mim.
Cada um de nossos familiares está entrelaçado com um conjunto de pensamentos, emoções, imagens e vontades; e o modo como as relações foram desenvolvidas no seio familiar também irão estabelecer a forma como esses elementos internos se relacionarão entre si.

Por isso que excluir um membro da família não traz apenas impactos no sistema, mas pode acarretar a exclusão de partes de mim mesmo que não consigo olhar. Identificar-me com o excluído não é apenas reproduzir um padrão relacional do passado, mas é fixar-se num complexo de imagens, sentimentos e vontades que se repetem dentro de mim.
O equilíbrio entre o dar e receber também está presente internamente nas relações entre as diferentes dimensões que formam nosso ser que precisam se manter em equilíbrio nas suas relações. Podemos observar isso no nosso corpo em seu fluxo contínuo entre diferentes órgãos e sistemas, em nossa respiração que doa uma parte de nós ao expirar e recebe algo ao inspirar, na relação entre nossas imagens, pensamentos, emoções e comportamentos, onde cada qual precisa encontrar seu lugar para equilibrar o sistema como um todo.
Com relação a hierarquia também encontramos uma correspondência. Dentro de nós existe aquele que deve ser o comandante de nós mesmos. Nosso guia, nossa voz, nosso médico, nosso mestre interior que orienta e conduz as diferentes partes de nós mesmos. Nosso self, nosso eu interior, nosso ser mais essencial. Um ser que nos conecta ao sentido mais profundo, a identidade mais singular, àquilo que deve vir antes de todo o resto.
Ordenar nosso sistema familiar através das constelações é ordenar nossa vida interior. Encontrar nosso lugar numa constelação é encontrar esse lugar interno dentro de nós, com recolhimento, relaxamento, força e paz.
Nas constelações familiares podemos vivenciar com clareza a não separatividade entre subjetividade/objetividade, interior/exterior, indivíduo/grupo, dentro/fora, observador/observado, interno/externo.
Reconciliar esses mundos que podem estar em oposição é reconciliar partes de mim mesmo. É pôr todos para trabalharem em prol de si mesmo, dos outros e do mundo. É pôr todos a serviço da vida. Neste sentido, reconciliar-se com nossos antepassados nada mais é do que reconciliar-se consigo mesmo.
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